Com a volta dos tributos federais, o etanol em Mato Grosso do Sul tende a ficar mais competitivo nas bombas em comparação com a gasolina e o diesel, no momento em que o País se divide entre recordes na produção de petróleo e um esforço mundial para a redução de combustíveis fósseis.
Ainda no último dia de fevereiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou a retomada da cobrança de tributos sobre a gasolina e o etanol, que deixou os combustíveis 0,47 e 0,02 respectivamente mais caros.
Enquanto o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo e Lubrificantes MS (Sinpetro) apontou que, esse já é um “sinal de alerta” de que a gasolina ficará mais cara na bomba, a situação traz bons sinais para o biocombustível.
Associação dos Produtores de Bionergia de Mato Grosso do Sul, a Biosul representa a indústria sucroenergética em MS desde 2009, e seu diretor-executivo, Érico Paredes, evidencia dois pontos positivos na decisão do Executivo Federal.
“A decisão do Governo Federal em optar pela volta dos tributos federais dos combustíveis reforça não apenas o compromisso com a responsabilidade fiscal do País, mas principalmente com a pauta ambiental”, comenta.
Paredes reforça que pôr um fim no subsídio da gasolina desestimula o consumo de um combustível fóssil, indo de encontro aos esforços do Brasil e o do Mundo na redução de emissões de gases de efeito estufa.
Para Érico, reestabelecer o diferencial de tributos entre esses dois combustíveis, de lados opostos da balança, proporciona um “equilíbrio fiscal, ambiental e social”.
“Ou seja, garante a competitividade do biocombustível nas bombas, estimula o consumo de um combustível limpo (que emite até 90% menos CO2 em relação à gasolina), sendo responsável por aproximadamente 30 mil empregos em Mato Grosso do Sul e quase 1 milhão em todo o Brasil”, complementa.
Balança da mudança climática
Sendo a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2022, a COP27 teve pouco avanços em determinações que visam eliminar o uso dos combustíveis fósseis.
Após a urgência em aumentar a geração de energia limpa; eliminar subsídios para os combustíveis fósseis e reduzir uso de carvão ter sido evidenciada com o acordo da COP26, especialistas analisam que muito do acordo de Glasgow foi repetido.
Vários países europeus, como cita o noticiário francês Le Monde, voltaram a usar ou ampliaram minas de carvão, além de um alto fluxo de importação de gás natural de países como Noruega, Estados Unidos e outros do norte da África, Ásia e até Oriente Médio.
Também a China e Austrália vão à contramão dos avanços positivos, com a abertura de novas minas de carvão, enquanto o Brasil, como citado pelo Correio do Estado, registrou recordes na produção de petróleo, como mostra o balanço de janeiro que aponta para 3,274 milhões de barris por dia (bbl/d)
Setor sucroenergético de MS
Conforme balanço da Biosul, a safra 2021/2021 registrou 41 milhões de toneladas de cana-de-açúcar em Mato Grosso do Sul, sendo 1,3 milhão de toneladas de açúcar e outros 2,4 bilhões de litros de etanol (Mix de produção: 75% para etanol e 25% par açúcar).
Com 18 unidades em operação, o Estado figura (no ranking nacional) como 4º maior produtor de cana-de-açúcar; o 5º maior produtor de etanol e de açúcar, e 4º maior exportador de bioeletricidade para o Sistema Interligado Nacional (SIN), já que todas produtoras cogeram bioeletricidade, e 12 exportam o excedente para a rede nacional de energia elétrica.
Retirado de https://correiodoestado.com.br