Os arranjos produtivos que se conectam com o turismo movimentaram em Mato Grosso do Sul, no último ano, cerca de R$ 21,6 bilhões. Os dados são do Observatório do Turismo de MS.
A plataforma de dados foi lançada no fim do ano passado, após uma parceria entre o Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Fecomércio (IPF-MS) e a Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul (Fundtur). A Matriz Insumo-Produto (MIP-T) foi criada para oferecer análises do setor e direcionar políticas públicas, bem como para servir de base para o setor privado direcionar investimentos.
As informações apontam que a cadeia do turismo gerou compras em diferentes segmentos, e cinco setores tiveram destaque nessa avaliação. Em primeiro lugar aparecem as atividades imobiliárias e para empresas, que movimentaram R$ 5,9 bilhões a partir da visita de turistas.
Na sequência da análise, a pecuária aparece em segundo lugar, com R$ 4,6 bilhões. A agricultura está na terceira posição desse ranking, com R$ 4 bilhões.
Os dados ainda acrescentaram que intermediação financeira, seguros e previdência complementar é outro setor que gerou compras do turismo, com movimentação de R$ 3,6 bilhões.
O transporte terrestre de carga fecha o top 5 dessa análise, com movimento de R$ 3,5 bilhões. Esses números ajudam a materializar as potencialidades que o Estado tem para o turismo, setor que ainda está em desenvolvimento para se consolidar em termos locais.
“O estado de Mato Grosso do Sul é um relevante destino do turismo brasileiro, exercendo importância por meio de suas belezas naturais, sobretudo do Pantanal e da Serra da Bodoquena, onde estão localizados os municípios de Corumbá e Bonito, respectivamente”, detalham os especialistas Milton Augusto Pasquotto Mariani, Andre Sorio e Dyego de Oliveira Arruda em trabalho sobre o turismo financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
“Não obstante, outras localidades, como Ponta Porã, na fronteira com o Paraguai, destacam-se como locais de atração para o turismo de compras, ao passo que a Capital, Campo Grande, e a cidade de Dourados não devem ser desprezadas como polo do turismo de eventos”, completam os pesquisadores.
Os responsáveis pela pesquisa reforçam que, além dos destinos existentes, é preciso criar produtos para cativar os turistas, para gerar desenvolvimento e para consolidar esse mercado.
“Aos turistas que visitam as cidades sul-mato-grossenses são oferecidas poucas possibilidades de ampliar sua experiência de viagem, por meio do contato com o patrimônio cultural do Estado e de suas distintas regiões. Por exemplo, a importância histórica de Corumbá ou de Porto Murtinho (ambas no Pantanal), via de regra, é desprezada pelos roteiros turísticos, que se concentram na divulgação de atrativos ligados à natureza”, ressaltam.
EMPRESÁRIO
Empreendedor no setor de turismo, o biólogo Gabriel Oliveira atua na região do Pantanal e em Bonito. Ele comentou que, neste ano, está havendo uma ampliação de produtos e que isso deve atrair novos turistas e gerar maior movimentação no mercado.
Ele atua com o sócio Rafael Souza, e os dois têm uma empresa especializada na prática de birdwatching (observação de aves) no Estado, além de ser uma agência LGBTQIA+.
“As expectativas são enormes, principalmente voltadas ao turismo de natureza. As pessoas estão acordando para o setor, entendendo que dá para usar a natureza conservando-a e gerando dinheiro. E a vantagem do turismo é que a gente depende de muitos outros setores. Movimentamos os artesãos, os restaurantes, os turistas precisam comprar repelente, lanterna, chapéu”, comenta Gabriel.
Neste feriado de Corpus Christi, por exemplo, ele e o sócio acompanharam um grupo de sete turistas que estão circulando por Ladário, Corumbá e ainda vão para Miranda, Aquidauana, além de visitarem a região da Serra do Amolar, que fica no município corumbaense.
“Teve gente que veio de ônibus, outros estão de carro desde o Rio Grande do Sul. Dependemos de barco, piloteiro, de adquirir lanches, além das estadias nas cidades”, explica Gabriel, que faz parte de um movimento surgido neste ano que se chama Corumbá Recebe e que procura atrair turistas com passeios pela Capital do Pantanal.
O diretor-presidente da Fundtur, Bruno Wendling, aponta que existe expectativa de até 10% no aumento do fluxo de turistas agora em 2023, na comparação com o ano passado.
Ele pontua que Mato Grosso do Sul está buscando diversificar os destinos, indo além de Bonito, que já está consolidado nacionalmente e internacionalmente.
“Desde 2017 a gente vem trabalhando o apoio à diversificação de novas regiões. Temos Costa Rica, Alcinópolis, Rio Verde. Na costa leste, menciono Três Lagoas, principalmente em torno da pesca esportiva. Temos o Pantanal, com Aquidauana, Miranda e Corumbá, a Serra do Amolar, que é um novo destino do Pantanal e que surgiu nesses últimos anos. Piraputanga agora está surgindo também, que é dentro do Pantanal, mas tem característica de Cerrado. Tem também Campo Grande e seu entorno”, elenca Wendling.
Ele ainda indica que o setor privado deve estar atento para as oportunidades que estão se consolidando “A gente espera um novo adensamento do empresariado, para que surjam novos produtos para que as regiões sejam consolidadas, como ocorreu em Bonito”, explica.
Conforme Wendling, entre as ações em andamento estão editais para apoio a eventos geradores de fluxo, apoio para municípios e regiões turísticas formatarem novos roteiros e divulgação do Estado em feiras nacionais e internacionais.
“Vamos agora lançar o sistema de big data do turismo [plataforma de dados e oportunidades], estamos dando apoio aos municípios e às regiões turísticas para formatação de novos roteiros. Temos também editais para apoio a eventos geradores de fluxo, que são um sucesso desde 2017 e já apoiaram mais de R$ 7 milhões para mais de 120 eventos em mais de 20 municípios no Estado”, destaca o diretor-presidente da Fundtur.
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