Quem não deseja aproveitar as férias com uma viagem incrível ao lado da família? Sonho de muita gente, cada vez mais os destinos turísticos são requisitados entre os brasileiros que querem sair da rotina e descansar em meio a paisagens paradisíacas. Foi com esse pensamento que um grupo de pessoas de Campo Grande fechou pacotes de passeios com a SC Agência de Viagens. O que os viajantes não esperavam era que o sonho se tornaria uma grande dor de cabeça. Até hoje sem receber as reservas confirmadas, consumidores procuram delegacia para denunciar golpe na Capital.
O Jornal Midiamax conversou com três mulheres que alegam ser vítimas desse golpe. Todas registraram boletins de ocorrência, acessados pela equipe de reportagem, e terão suas identidades preservadas. Segundo uma das consumidoras, ela viu anúncio do pacote de viagens para Fortaleza nas redes sociais e entrou em contato com a empresa para fechar a reserva para duas pessoas, com passagem aérea e hotel, nas datas de 1 a 6 de dezembro de 2023, no valor de R$ 5.398,70.
Na época, a mulher precisou dar entrada de R$ 539,69 e transferiu o valor do PIX para o dono da empresa, de 36 anos, no dia 31 de janeiro deste ano. Em seguida, a consumidora aguardou por uma semana o retorno sobre confirmação da viagem, mas o dono apenas apresentou justificativas.
Em relato à delegacia de polícia, a mulher disse que entrou em contato com o banco e descobriu que seu cadastro não tinha sido aprovado. Desconfiada, falou com uma funcionária da empresa e precisou esperar mais 5 dias para receber resposta. Sem retorno e a confirmação da reserva, pediu a devolução do dinheiro.
“Porém não obteve mais retorno e não conseguiu mais contato com ninguém, ficando sabendo posteriormente através de postagens no Facebook de que a empresa envolvida estava aplicando golpes de venda de pacotes de viagens em várias pessoas”, informa o BO.
Prejuízo de quase R$ 4 mil
Essa não foi a primeira pessoa a procurar a polícia para denunciar a empresa. Outra mulher, que havia comprado pacote para Aracaju em janeiro, perdeu R$ 3.800 e está sem qualquer tipo de resposta sobre a sua reserva até o momento. Ela registou boletim de ocorrência em 24 de fevereiro.
Conforme o registro policial, a quantia era referente a estadia em resort para duas pessoas com passagens aéreas, transfer para sete dias. Ela pagou R$ 1 mil em espécie e R$ 2.800 no cartão, em 10 parcelas, à empresa.
Ao perceber que poderia ser vítima de golpe, ligou para o resort. Foi quando o medo que sentia se confirmou: não havia nenhuma reserva com o seu nome.
“Eu comprei a viagem no dia 7 de janeiro com uma conhecida, que estava trabalhando com vendas de viagens há pouco tempo para uma agência ‘nova’ em Campo Grande. O CNPJ tem menos de três anos. No dia 27 eu liguei no resort e vi que minha reserva foi cancelada no dia 10 pela agência”, recorda.
Assim, o dono da agência ficou de resolver o problema até 15 de fevereiro, o que não aconteceu. Ela, então, optou pela devolução do dinheiro.
“Ele não cumpriu com as datas e deixou de me responder no WhatsApp, nem atendia minhas ligações. Dia 24 fiz um boletim de ocorrência e fui no Procon. Inclusive ele já me respondeu falando pra eu ir resolver isso na justiça”, afirma ao Jornal Midiamax.
Pacote muito barato
Outra mulher, que também sonhava em conhecer Aracaju (SE), pagou à vista R$ 3.200 pela viagem, que seria realizada na próxima quinta-feira (16). Sem nada confirmado, a vítima busca por Justiça.
A viagem era de cinco diárias em um resort com passagens de ida e volta inclusas. À polícia, ela afirma que a data da viagem estava chegando sem que ela recebesse o voucher da reserva. Segundo a consumidora, o dono da empresa a enrolou e, depois, disse que não teria mais nenhuma viagem. Além disso, não conseguiu mais contato com o proprietário.
“O dono explicou que o pacote estava barato porque ele tinha fechado um pacote com as empresas e que era baixa temporada. Ele ficou de mandar os voucher até 15/02. Nessa data começamos a perguntar, todos os dias mandando mensagem. Ele ficou enrolando até falar que tinha dado problema e o resort tinha cancelado as reservas”.
Em seguida, ela foi informada que a viagem havia sido transferida para setembro para outra hospedagem. Porém, a mulher não concordou e pediu para cancelar o pacote. A partir disso veio ainda mais dor de cabeça.
“Descobrimos que foi um golpe e logo apareceram outras pessoas lesadas também. Eu vou representar contra ele [dono da empresa]”, reforça à equipe de reportagem.
Caso já circula nas redes sociais
O caso da agência já circula nas redes sociais. Uma das entrevistadas fez postagem no grupo Aonde Não ir em Campo Grande. Confira:
Além disso, vídeos enviados ao Jornal Midiamax mostram uma possível briga entre o dono da agência e a funcionária que vendeu os pacotes.
“A gente não combinou de trabalhar junto? Não vendi os bagulhos para você? Não estava tudo certinho? […] o povo está querendo me processar porque eu vendi um negócio que não existe”, cobra a mulher.
Em seguida, o dono da SC Agência de Viagens responde: “o que aconteceu: tinha um resort, esse resort não deu certo por causa de documentação. Abriram outro, perguntei se podia trocar e não podia. Tem que fazer estorno e quem faz é o contador. Mas como é um grupo de pessoas, tem que pegar extrato de cada pessoa, pegar o recibo que elas pagaram, mandar pra ele pra poder fazer e dar baixa”.
Em seguida, uma das mulheres que comprou a reserva entra na discussão até que o dono entra em casa sem dar mais explicações.
O que diz a Decon
A Decon (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra as Relações de Consumo) disse à reportagem que, até o momento, possui uma ocorrência contra a agência de viagens, mas que podem existir mais no Procon.
O órgão também foi notificado a dar um parecer ao Jornal Midiamax, que aguarda retorno. Espaço segue aberto para eventuais manifestações. Todos os boletins de ocorrências foram registrados em delegacias da cidade.
Agência de viagem não retornou contato
O Jornal Midiamax também tentou contato com os telefones disponíveis pela empresa. Em todas as tentativas de ligação, a chamada não foi completada. Além disso, a mensagem enviada por WhatsApp também não foi respondida. A última postagem no Instagram foi feita em 3 de março. Assim, a equipe de reportagem deixa espaço aberto caso o responsável pela agência queira se manifestar.
Retirado de https://midiamax.uol.com.br