O movimento em uma universidade que foi local de aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), teve variação de sentimentos como expectativa, nervosismo e ansiedade de estudantes e pais, neste domingo (5), em Campo Grande.
Em Mato Grosso do Sul, 47.470 estudantes realizam a primeira etapa do Enem, em 1.629 salas distribuídas em 114 locais de prova nos 41 municípios. Sendo que na Capital estão previstos que 20.008 façam o exame.
No estado, os portões foram abertos às 11h da manhã e faltavam poucos minutos para às 12h, quando os portões são fechados, uma torcida de acadêmicos, pais, professores fizeram coro para animar os candidatos durante a corrida, dando aquele “gás”.
Candidato consegue chegar faltando 1 minuto para o fechamento dos portões.
Sempre é tempo
O candidato Genilson Marques de Oliveira, de 36 anos, compareceu para prestar o exame pela segunda vez com intuito de testar seus conhecimentos.
“É como um aprendizado, um termômetro. Estou há muito tempo sem estudar e quero saber onde estão meus pontos fracos e meus pontos fortes. Onde posso melhorar e atualizar os meus conhecimentos. Mas se der certo, por que não agora?”, explicou.
Motivada por professores, Evanir Santana da Silva, de 40 anos, contou ao Correio do Estado que está prestando o Enem pela segunda vez, desde o início do ano estudou com ajuda de cursinho online.
“Tenho um sonho de terminar uma faculdade de História. Os meus professores sempre falavam muito que a gente não tem que desistir e sempre correr atrás dos seus sonhos. Meu sonho sempre foi ser professora de história e estou tentando”, contou Evanir.
Atrasos
Ao menos mais de quatro estudantes chegaram atrasados e não quiseram falar com a imprensa. Um deles faria o processo seletivo pela primeira vez. Já uma mulher, explicou que teve problemas com a filha por isso não conseguiu chegar no horário.
O estudante Pedro Henrique Sebastião Serra, de 18 aos, natural de Santarém (PA) não conseguiu chegar no local de prova a tempo. E lamentou o ocorrido explicando que se confundiu com o horário de Brasília.
“Já estou no curso de Farmácia, pretendia fazer para talvez entrar em outro curso. E confundi o horário. Agora vou continuar minha faculdade normal e ano que vem me preparar de novo para fazer o Enem”, explicou João Henrique.
Documentos
Durante a realização do exame, estudantes deixaram o local de prova por esquecer o documento de identidade, como o caso da estudante Julia Mergarejo, de 16 anos, que pretendia prestar a prova como teste. “Eu vim para ter experiência de fazer o Enem”.
Já o estudante Rafael Antônio, de 19 anos, vítima de furto há alguns meses, até apresentou o boletim de ocorrência e um xérox da identidade, mas não conseguiu fazer a prova
“Fui furtado uns meses atrás. Fiz o boletim [de ocorrência], mas aparentemente o boletim expirou em agosto. Não tive tempo de fazer outro daí perdi a prova”, lamentou o estudante que faria o Enem pela primeira vez.
Falta de transcritor
Outro caso que gerou revolta na família da estudante Selena Raquel Alonso, de 17 anos, que está com o braço quebrado, devido a um acidente de carro em que chegou a perder os avós, foi a falta de assistência previamente solicitada.
A família solicitou, por meio de protocolo no site do Enem, um transcritor. Já que a estudante é destra e está com o braço imobilizado. Só souberam no momento da aplicação do exame que o transcritor não estava no local para ajudar a estudante.
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“É muito ruim porque me esforcei o ensino médio inteiro para chegar nesse dia e não poder fazer a prova e ter a chance de fazer cursinho e não realizar o meu sonho”, lamentou Selena.
Motivação
Enquanto os candidatos chegavam para o exame, a recepção conforme anos anteriores girou em torno de profissionais de outras universidades atraindo jovens para se inscrever em futuras bolsas de estudo.
Fazendo a acolhida para elevar os ânimos dos estudantes estava presente a professora de espanhol, Andreia Arguero de um colégio particular. “Estou aqui para incentivar e apoiar os nossos alunos nesse momento tão importante na vida deles” e complementou:
“A expectativa é a melhor possível, eles se prepararam para isso e vão conseguir”.
Águas da aprovação
Acadêmicas de Medicina da UEMS “abençoando calouros” com a água a aprovação / Foto: Gerson Oliveira
Na hora do exame toda “fézinha” é bem-vinda. No caso das Acadêmicas do primeiro ano de medicina da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul inovaram no comércio e é claro, o incentivo aos colegas vendendo água, paçoquinha, caneta e a tal da “água da aprovação” com a promessa de abençoar os futuros calouros.
A acadêmica Yasmim Souza Beletatti, de 19 anos, que estava acompanhada de suas colegas, explicou que além de prestar apoio, estavam aproveitando para vender produtos para arrecadar dinheiro da formatura.
“A gente veio dar apoio e vender nossos produtinhos, tem água, paçoca, caneta, para a gente levantar dinheiro para a nossa formatura também. Mas principalmente para incentivar nossos calouros porque ano passado a gente estava aqui fazendo o Enem nessa mesma posição. Então, agora a gente está incentivando às outras pessoas”, contou.
Com o grupo, Ingrid Gonçalves Paiva, de 25 anos, que está cursando o primeiro ano de medicina, contou que há um ano, quando prestou o Enem, apesar de ser um momento em que o estudante está muito nervoso e ansioso, a calma nessa hora é fundamental.“A gente vê que quando você está do lado de cá você vê que tudo valeu a pena”.
Prova
No próximo domingo (12), os estudantes retornam ao local de prova para a segunda etapa do exame, que consiste em 45 questões objetivas de Ciências da Natureza e 45 questões objetivas de Matemática.
Em ambos os dias os portões dos locais de provas são fechados às 12h, e o exame começa às 12h30. A duração é de cinco horas e meia no primeiro dia e de cinco horas no segundo.
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