Pantanal tem 240 mil hectares queimados este ano e caminha para devastação pior que a de 2020.

Incêndio no Pantanal (CBMMS, Divulgação).

O Pantanal já teve mais de 240 mil hectares queimados este ano e a destruição caminha para superar aquela vivida em 2020 – um dos piores anos para o bioma. Mapeamento feito pelo Ecoa a partir de imagens de satélite serve de alerta para a devastação deixada pelo fogo.

A paisagem cinza e os animais carbonizados ainda ecoam na mente do pantaneiro após o desastroso 2020 – com mais 4 milhões de hectares devastados. As indicações são de que 2024 pode ser ainda pior, segundo o Ecoa.

Antes de terminar o primeiro semestre de 2024 e iniciar o período crítico de incêndios – julho a outubro – foram detectados 2.168 focos de calor, segundo dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Vale registrar que em 2020 prevaleceu o fenômeno La Niña – resfriamento das águas do Pacífico equatorial que afeta o clima planetário. Para o ano de 2024, La Niña tem 65% de probabilidade de desenvolver-se durante agosto-setembro.

Ainda de acordo com o instituto, junho de 2024 é o pior mês em relação aos anos anteriores, com 1.269 focos de calor. Até então esse recorde era de 2005, com 435 focos de calor, ano que também marcou o Pantanal pelos incêndios florestais.

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Imagem do dia 14/06/2024 do satélite Sentinel sensor SWIR (Divulgação, Ecoa)

Desequilíbrio climático

Assim como em 2020, o ano de 2024 está sendo marcado por condições hidrológicas e climáticas extremas. O calor e os ventos criam condições para propagação do fogo. O tempo seco e a falta de chuvas ainda pioram o cenário.

O Rio Paraguai está muito baixo e recebeu pouca água de suas sub-bacias neste ano e, por isso, não ocupou territórios como o faz em tempos de ‘normalidade’. A vegetação e a biomassa (acúmulo de matéria orgânica) facilita ainda mais a propagação de incêndios.

Além disso, a bacia do Rio Paraguai está oficialmente em situação de escassez hídrica. A resolução da ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico) considera a baixa quantidade de recursos hídricos. O Rio Paraguai caminha para a pior seca histórica, com níveis abaixo dos registrados em 1964.

Na última cheia no Pantanal, em 2018, a régua de medição da Marinha do Brasil em Bela Vista do Norte, na Ilha Insua – nas proximidades de fronteira entre Mato Grosso, MS e Bolívia – chegou a marcar quase 6 metros no primeiro semestre de 2018.

Em 2020, ano marcado por grandes incêndios, no mesmo local e período, a régua marcou a máxima de 4,10 metros. Em 2024, o cenário é delicado, pois o nível máximo no primeiro semestre foi 3,50 metros.

Além disso, o nível está diminuindo rapidamente: no dia 15 de junho último marcava 3,48, mais baixo, portanto, do que 2020.

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Régua de medição de Ladário (Juliana Arini, Ecoa)

Pantanal em chamas

Os incêndios no Pantanal iniciaram entre maio e junho de 2024, já consumindo mais de 240 mil hectares, principalmente na região de fronteira do Brasil (Corumbá) e Bolívia (Puerto Quijarro e Puerto Suárez), região do Paraguai-mirim, do Forte Coimbra e fronteira do Brasil (Porto Murtinho) e Paraguai.

Desde o dia 4 de junho, moradores de Corumbá convivem com a fumaça de incêndios florestais no Pantanal. O município registra 1.241 focos de queimadas em 2024, sendo o primeiro no ranking nacional de focos por cidade, segundo dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Já são mais de 10 dias convivendo com a fumaça, que esse ano chegou muito mais cedo. Os incêndios florestais ocorrem em período mais crítico entre julho e setembro, porém são 1.269 focos no Pantanal em 16 dias de junho.

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Treinamento de combate ao fogo qualifica novos soldados dos Bombeiros para atuar em incêndios florestais (Saul Schramm, Governo de MS)

Mato Grosso do Sul em emergência ambiental

Em 10 de abril, o Governo de Mato Grosso do Sul publicou o decreto n° 25 que declara estado de emergência ambiental em todo o Estado, por 180 dias, devido às condições climáticas que favorecem a propagação de focos de incêndio sem controle. Entre as ações, estabelece as queimas prescritas.

Conforme o decreto, cabe ao Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) disciplinar o licenciamento da atividade de queima controlada. E a queima prescrita deve seguir as rotinas estabelecidas no Comunicado CICOE nº 01 de 15 de junho de 2022, do Centro Integrado de Coordenação Estadual.

Republicado de https://midiamax.uol.com.br

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