Enquanto o País observa os alertas de desmatamento na Amazônia caírem, o Cerrado não vê a mesma sorte, já que esses índices saltaram de 5.462 km² para 7.828 km² em áreas de alerta no último ano, cenário esse que Mato Grosso do Sul luta para contrariar.
Esses dados foram divulgados pelo Instituto de Pesquisas Especiais, na última sexta-feira (05), conforme análise do sistema Deter, do Inpe, entre 28 de dezembro de 2022 e 29 de dezembro de 2023 foram registrados 16.790 avisos em todo o País, que correspondem a 7.850,68 km² de área em alerta de desmatamento.
Análise desses dados apontam que o Maranhão aparece como a Unidade da Federação com maior área sob alerta na região do Cerrado, 1.765 km² (cerca de 23% do total), seguido pelos Estados da Bahia (1.727 km², 22% da área total) e Tocantins (1.604 km², 20% do total).
Desde 2017, o Bioma registrou 79.937 avisos de desmatamento do Cerrado, que correspondem a 33.575,46 km² de área, já em Mato Grosso do Sul, com base nos filtros por Estado, foram 4.745 avisos, correspondente a 1.349,08 km² de área nesse período.
Vale destacar que, para a referência 2022/23, enquanto houve aumento em território nacional, o Estado de Mato Grosso do Sul mostra uma queda de 279,02 km² para 253,91 km² no último ano, declínio que interrompe o aumento observado a partir de 2019.
Em Mato Grosso do Sul, nesse intervalo, foram registrados um total de 960 avisos, que corresponde a 292,97 km² de área em alerta de desmatamento, com alerta para os municípios de:
- º Porto Murtinho – 100 avisos
- º Anastácio – 52 avisos
- º Bonito – 52 avisos
- º Miranda – 48 avisos
- º Rio Verde de Mato Grosso – 46 avisos
Esses números de Mato Grosso do Sul acabam classificados como irrisórios, quando comparados os líderes de avisos de desmatamento do Cerrado, sendo:
- º São Desidério (BA) – 421 avisos
- º Balsas (MA) – 284 avisos
- º Correntina (BA) – 273 avisos
- º Santa Rita de Cássia (BA) – 260 avisos
- º Caxias (MA) – 240 avisos.
Cerrado em MS
Cabe lembrar que esse bioma representa 61% do território de Mato Grosso do Sul, Estado esse que já apresenta há tempos bons resultados quanto ao controle de desmatamentos e queimadas, porém ainda é tido como “berço” para uma série de agrotóxicos até o último ano.
Dados do dossiê “Vivendo em Territórios Contaminados”, da Campanha Nacional em Defesa do Cerrado e da Comissão Pastoral da Terra (CPT) indicaram que esse bioma recebe cerca de 600 milhões de litros de agrotóxicos por ano.
Entre 2019 e 2022, mais de 1.800 agrotóxicos tiveram uso liberado no Brasil, sendo que pelo menos metade deles são permitidos na Europa por oferecerem riscos à saúde humana e ao meio ambiente.
Nesse contexto, vale destacar que mais da metade da soja produzida em território nacional vem do Cerrado, cerca de 20 milhões de hectares, dos 38,5 mi de áreas totais.
Houve também um “boom” das lavouras de soja nesse bioma, que indica um aumento de 1.440% entre 1985 e 2021, respondendo por cerca de 10% da área total do Cerrado.
Balanço feito em outubro do último ano pela Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc) indica a redução de 53,5% da área queimada entre 2022 e 2023.
No primeiro comparativo é pontuada a queima de 673.350 hectares do bioma em MS, indicador que caiu para 312.900 ha no último ano.
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