Protagonista no enfrentamento à pandemia da covid-19 em Mato Grosso do Sul, o ex-secretário estadual de Saúde Geraldo Resende (PSDB), que está em seu sexto mandato como deputado federal, quer usar a experiência e boa articulação no congresso nacional para viabilizar projetos voltados à saúde do Estado que foram prejudicados durante a crise sanitária mundial.
Em conversa com o Campo Grande News, além das ações voltadas à saúde, o deputado revelou o desejo de comandar Dourados, a segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul que é seu berço político e está sendo cobiçada por muitos outros candidatos no pleito de 2024, inclusive colegas de partido que dividem o eleitorado do município.
Campo Grande News – Deputado, antes de ser reeleito, o senhor falou que queria ser o deputado federal da saúde. O senhor tem conseguido isso? Como está sendo sua autoavaliação nesses seis meses?
Geraldo Resende: Eu assumi esse compromisso durante a campanha, dedicar os quatro anos de mandato focando alguns temas, como saúde, educação, populações mais vulneráveis como a população indígena e ajudar entidades que hoje vivem na penúria.
Campo Grande News – Por quê?
Geraldo Resende: Porque eu entendo que elas cumprem um papel que deveria ser do Estado, mas o Estado muitas vezes falha. O Estado, eu estou dizendo o Estado brasileiro, que às vezes não tem condições de acatar tantas ações. Essas entidades vivem sempre com o pires na mão e eu entendi que é hora, para que eu completasse a minha biografia vitoriosa, dedicar o meu mandato a essas causas. Tenho de fato cumprido à risca esse objetivo. Tenho atuado muito na área de saúde. Sou toda a comissão de saúde na Câmara e estou tentando por aí viabilizar recursos para a saúde do Estado.
Campo Grande News – Essas ações seriam através de emendas?
Geraldo Resende: As emendas são um complemento, eu acho que a gente precisa buscar junto ao próprio Governo ações que eles possam fazer dentro dos recursos dos ministérios e as emendas a gente utilizar para essas entidades ou para os municípios. Então, eu estou lutando, já conquistei pelo menos o compromisso de construir a melhor unidade de saúde de Mato Grosso do Sul e talvez do Brasil, dentro da reserva indígena. Estive no Ministério da Saúde e tenho o compromisso de levar uma unidade de saúde, que tenha vários consultórios médicos, exames que sejam importantes dentro da reserva de Dourados.
Tenho procurado também ajudar os municípios e o Estado no tocante a algumas ações que entendo primordiais. Melhorar na chamada contratualização e o teto do Estado em um montante de recurso que seja substanciais em algumas situações que nós enfrentamos durante a nossa passagem na Secretaria de Saúde do Estado. A pandemia nos impossibilitou de fazer ações mais fortes, então temos que tentar resolver, a gente vê que agora, passada a questão da pandemia, é hora de a gente dar um enfoque na questão da oncologia e terapia renal substitutiva, que são os pacientes renais crônicos. A gente precisa fazer uma ação muito forte pra gente melhorar o tratamento oncológico em Mato Grosso do Sul.
Além disso, temos que viabilizar alguns projetos que nós deixamos na secretaria e que em conjunto ao Governo do Estado e o atual secretário, a gente trabalha firme com esses projetos irem à frente.
Campo Grande News – Quais projetos seriam esses?
Geraldo Resende: Aqui em Campo Grande, nós temos dois projetos: que era construir um hospital ou pegar um hospital desse existente que atende a saúde da mulher e construir uma nova estrutura. Porque ainda tem muitas carências na saúde da mulher, principalmente as mulheres que têm gravidez de alto risco e queremos conduzir a questão do número insuficiente de leitos neonatal, quero trabalhar no sentido de a partir da Cândido Mariano, construir um hospital materno infantil. Também é preciso voltar atenção para a população idosa, que vai ser maior que é a população jovem daqui a algum tempo. Então, eu deixei encaminhado junto ao Hospital São Julião a construção do Hospital do Idoso.
Em Dourados, precisamos terminar o Hospital da Mulher e da Criança. E ativar o Hospital Regional de Dourados, que foi construído inclusive a partir de emendas do nosso mandato.
Campo Grande News – Mas agora, como deputado, fica mais difícil ou fica mais fácil na sua visão?
Geraldo Resende: Acho que o mandato está sendo exitoso e estou honrando os compromissos que prometi na minha campanha e também trabalhando para ter resultado. Eu não quero entrar nessa miudeza, nessa pobreza que está acontecendo hoje no país, que é o debate entre extrema direita e esquerda, polarizado. Eu tô longe disso, passo longe desses debates.
Hoje, eu quero é ver resultado, que concretamente faça com que a minha função de agente político ajude a construir uma alternativa de uma vida melhor para cada um que mora e que vive aqui em Mato Grosso do Sul. Então, é isso que eu faço. Um mandato de resultado. Resultado na saúde, resultado na educação, na assistência social, na infraestrutura e projetos importantes para o interior, já que o interior reconquistou uma representação nessa eleição. A representação que havia perdido em 2018, não teve nenhum deputado que representasse o interior. Agora, eu faço esse papel de olhar o interior e a Capital e fazer com que o nosso mandato seja produtivo e exitoso, e eu repito naquilo que entendo a boa política: melhorar a vida das pessoas.
Campo Grande News – O senhor foi secretário de Saúde duas vezes, na época do Zeca e do Reinaldo. Qual o desafio para regionalizar a saúde do Estado, que está engavetado há anos?
Geraldo Resende: O pessoal não tem a compreensão do que é a regionalização. Alguns agentes políticos acham que a regionalização é o Estado ir lá e assumir a função que é dos municípios. O SUS é constituído nessa lógica: município, Estado e Federação. E a competência pelas leis, que criaram o Sistema de Saúde, que eu ajudei a contribuir quando era estudante de Medicina, e médico recém-formado. Cada agente é responsável. Agora, a regionalização está acontecendo e avançou muito durante a nossa gestão. Espero e tenho certeza de que avançará na gestão do atual secretário.
Campo Grande News – O senhor sabe por que ainda acontece a superlotação nos hospitais constantes e problemas financeiros como a Santa Casa e o HU? Tem alguma solução pra isso? A bancada poderia se mobilizar mais?
Geraldo Resende: É importante a gente ver e ter os números adequados. Essa questão da Santa Casa é uma questão que se arrasta por muitos e muitos anos. E desde a sua fundação, em todo país. Nós temos um Sistema Único de Saúde que é a maior construção de política social no mundo, mas infelizmente ele tem uma doença crônica que às vezes se agudiza, que é o financiamento, o recurso. É preciso mais financiamento, mas é preciso também fazer com que os recursos existentes sejam mais bem aproveitados. Há más gestões em muitos lugares, não só em Mato Grosso do Sul, em muitos lugares do país, das instituições; não só as instituições filantrópicas, mas outros hospitais contratados pelo Sistema Único de Saúde. E o próprio sistema hoje de saúde complementar que está sofrendo um processo, que precisamos ter um olhar, que ele faz a complementação que é parte do SUS, que são os planos de saúde. Eles estão sofrendo um baque enorme pós-pandemia, e que a gente precisa ter um olhar para que a gente arrume alternativas para que eles não se sucumbam ao longo dos próximos tempos.
Campo Grande News – O seu partido, PSDB, vai fazer uma eleição da executiva em Dourados, uma é a do deputado Zé Teixeira, o senhor vai enfrentar?
Geraldo Resende: As pessoas não têm a compreensão, é uma postulação de figuras importantes do partido. Isso é importante porque dá vida ao partido, oxigena, eu vejo com bons olhos ter até três pré-candidaturas a prefeito em Dourados: Zé Teixeira, Lia Nogueira e eu.
Campo Grande News – O senhor já está se colocando como pré-candidato a prefeito?
Geraldo Resende: Estou me colocando a prefeito. No diretório, eu entendo que a gente precisa construir uma chapa de consenso, porque ela que vai trabalhar para gente viabilizar um projeto para dirigir Dourados a partir das eleições de 2024. Agora, tem algumas lideranças políticas que acham que chegou a vez deles. Mas eu tô advogando que os pré-candidatos se abstenham de participar desse processo, de liderar o partido, de ser presidente do partido, porque senão o partido vai ficar como um apêndice da candidatura para prefeito, do deputado estadual Zé Teixeira, da deputada estadual Lia ou deputado Geraldo Resende. Temos que construir uma chapa de consenso e indicar um nome para dirigir o partido nos próximos anos. Eu acho que o partido tem que ser democrático, inclusive, o PSDB é Partido da Social Democracia Brasileira, tem a democracia no seu nome.
Campo Grande News – O senhor acredita que, em um mês, os três pré-candidatos conseguem chegar num consenso para definir um diretor? Até porque a eleição no diretório é em agosto.
Geraldo Resende – Eu vou trabalhar nesse sentido, no consenso para o diretório, que será no dia 27 de agosto, e trabalhar para uma candidatura em consenso para as eleições de 2024. Sem caciquismo, sem imposições, sem ingerência externa. Vamos ouvir, nos aconselhar com a direção estadual. Nós temos um presidente que está muito à disposição de construir um partido e avançar na construção desse partido que é o mais rigoroso do Estado, que é o ex-governador Reinaldo Azambuja, ouvir, nos aconselhar e ao mesmo tempo criarmos em Dourados uma possibilidade concreta de darmos exemplo de condução desse partido e darmos também exemplo na construção de um projeto que abarque os problemas crônicos de Dourados.
Campo Grande News – O senhor começou a entrevista falando que ‘para completar minha biografia vitoriosa’. O senhor já foi deputado estadual, federal, secretário, vereador, o que que falta? Ser prefeito?
Geraldo Resende: Sim, eu vou colocar meu nome, vou trabalhar para ser prefeito. Talvez eu possa encerrar e entrar para a história, o prefeito que revolucionou uma cidade, que a população aguarda com muita expectativa alguém diferente. E aí eu posso encerrar uma carreira vitoriosa, seja na vida pessoal de onde eu vim, onde eu cheguei, ou seja na minha carreira política, detentor de vários mandatos de vereador, deputado estadual, duas vezes secretário, seis vezes deputado federal. De alguém que não conhece ninguém na atividade política que tanto ajudou Dourados. Eu posso fazer o desafio sem medo de errar, se juntar todos os agentes políticos de Dourados, não fizeram nem 10% do que eu fiz pela minha cidade.
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