Entre as mudanças no Ensino Médio propostas pelo Ministério da Educação (MEC) está a autonomia dos estados poderem escolher a língua estrangeira que vão oferecer na grade curricular. Atualmente, a lei que instituiu as mudanças no ensino determinou que o inglês é o primeiro idioma.
Essa mudança deve fazer com que Mato Grosso do Sul opte pelo espanhol nas escolas estaduais, ao menos nas da região de fronteira. De acordo com o titular da Secretaria de Estado de Educação (SED), Hélio Daher, a regra atual engessa os estados, que não podem optar pelo idioma que desejam ensinar.
“Essa é uma das alterações em que concordamos com o MEC. Alguns estados são contra, mas o fato de você só ter um caminho é uma amarração. Porque a lei atual determina o inglês como primeira língua estrangeira obrigatória, mas nós concordamos que o espanhol também possa ser uma opção”, declarou Daher.
Segundo o secretário, Mato Grosso do Sul, estado que faz fronteira seca com dois países que falam espanhol (Paraguai e Bolívia), teria interesse em oferecer o idioma. “Não faz sentido [ensinar o inglês], pelo menos não nessas regiões do Estado”, completou.
DISCUSSÃO
Na segunda-feira, o Ministério da Educação se reuniu com representantes dos estados, entre eles o secretário de Educação de Mato Grosso do Sul, que é o coordenador do Ensino Médio no País, para discutir a proposta de mudanças no Ensino Médio.
Na semana passada, Daher entregou ao ministro da Educação, Camilo Santana, um documento feito pelos 27 estados com as mudanças propostas pelas secretarias de Educação para o Ensino Médio.
Segundo o secretário afirmou ao Correio do Estado, entre as mudanças que foram discutidas e que devem ser impostas está a carga horária diferenciada entre alunos que optarem pela educação profissionalizante e os estudantes que preferirem seguir a carreira educacional.
A intenção é de que os alunos que desejam sair com uma profissão do Ensino Médio tenham menos horas-aula de disciplinas obrigatórias ditas básicas, como Português, Matemática e Biologia.
Dessa maneira, esses estudantes teriam 2.100 horas-aula, divididas durante os três anos do Ensino Médio, para as disciplinas básicas, e o restante, 900 horas-aula, seria destinado ao ensino profissionalizante.
Já para os alunos que preferirem o ensino regular e o ingresso em uma universidade, a carga horária das disciplinas básicas obrigatórias deve aumentar para 2.400 horas-aula, deixando apenas 600 horas-aula para os itinerários formativos, que são as aulas complementares desse novo formato do Ensino Médio, em vigor desde o ano passado.
Atualmente, todos os estudantes têm carga horária igual para qualquer área de conhecimento que optarem por seguir. São 1.800 horas-aula para as disciplinas obrigatórias e 1.200 horas-aula para os itinerários formativos ou o ensino profissionalizante.
Na semana passada, os secretários apresentaram um texto ao governo federal baseado em quatro pontos principais, dois deles tratavam justamente da carga horária das disciplinas básicas e das profissionalizantes.
A expectativa é de que o MEC anuncie o mais rápido possível as diretrizes para o Ensino Médio, a partir dos apontamentos feitos pelos estados. Conforme Daher, a conversa foi positiva, e ele entende que o texto final deverá levar em conta os pedidos feitos pelas secretarias estaduais.
Daher afirmou ainda que um ponto positivo da reunião veio de um entendimento do MEC sobre o pedido feito pelos estados para que as mudanças não fossem feitas já a partir de 2024.
“Eles [MEC] entenderam que, independentemente do que for proposto, é necessário um período de transição. Os estados colocaram como impossível fazer mudanças já em 2024 e que é necessário fazer essa transição”, relatou na segunda-feira.
Os estados agora esperam a posição final do Ministério da Educação sobre o Ensino Médio ser anunciada, mas ainda não há previsão para que uma resposta seja dada.
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