Levantamento de dados e diligência in loco mostraram que as ruas que deveriam receber manutenção pelas empresas alvos na Operação Cascalhos de Areia na verdade estavam abandonadas ou já eram asfaltadas há pelo menos uma década.
Rua do Cariri, no bairro São Conrado, por exemplo, passou por limpeza e aplicação de revestimento primário, o chamado cascalhamento, segundo planilha enviada pela Engenex Construções à Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos) em julho de 2021, mas a realidade era outra.
De acordo com o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) diligência feita em setembro de 2022 mostrou a inexistência de qualquer indício de intervenção para melhoria da via.
Além disso, os dados sobre as métricas da rua estavam totalmente errados, pendendo para números mais robustos, justificando o valor gasto com mão de obra e material.
Moradores ouvidos à época relataram que somente uma motoniveladora havia passado por ali executando serviço de raspagem. No mesmo bairro, a rua Cel. Athos P da Silveira, novamente populares afirmaram que a ausência de manutenção.
A Engenex havia informado, contudo, que em julho de 2021 e 2022 houve limpeza, e aplicação de revestimento. A A.L dos Santos, empresa de André Patrola, o mesmo modus operandi era utilizado.
Na planilha enviada à Prefeitura haviam dados que não correspondiam à realidade. Na rua Vaz de Caminha, no Jardim Noroeste, por exemplo, constavam três intervenções entre os dias 1° de junho e 31 de junho, sendo as duas últimas com intervalo de apenas cinco dias.
Mas, novamente in loco, equipe de investigação constatou inexistência de indícios de limpeza e aplicação de revestimento.
Enquanto no documento de prestação de serviço a empresa ilustrava ter aplicado 384 m³ de revestimento, no Google/Street View a extensão do referido trecho tem 133 metros. “Importante registrar que o quantitativo seria muito superior ao necessário”, diz a ação.
Pavimentadas
O contrato referente à manutenção das vias e locação de maquinários contemplava exclusivamente ruas sem pavimentação, no entanto, até ruas asfaltadas apareciam nas planilhas.
Na avenida Lúdio Martins Coelho, uma das principais de Campo Grande, trecho entre as ruas Manoelita Alves da Silva e Maria Alves Coimbra, a Engenex alega que efetuou 2.935,86m² de limpeza.
Fato impossível, de acordo com os investigadores, tendo em vista que o trecho em questão é pavimentado. Em outros pontos da avenida o mesmo ocorreu.
Na avenida das Mansões, entre as ruas Maria Carlota Giordano e Armando Capriata, o esquema foi o mesmo. A empresa chegou prestação de serviço, mas a via é asfaltada.
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