Responsáveis por conectar diversas regiões em Mato Grosso do Sul, as rodovias federais BR-262 e BR-163 tornaram-se cenários nefastos de frequentes acidentes e tragédias com vítimas fatais. Parte disso ocorre devido ao grande fluxo de veículos pesados que passam pelas vias, como os caminhões, que dividem a mesma pista com os veículos mais leves.
Aliada ao grande fluxo de caminhões e carros de passeio disputando vias não duplicadas está a imprudência de condutores, já que muitos dos acidentes são decorrentes de manobras perigosas, como ultrapassagens em locais proibidos ou sem margem de segurança.
Parte dos problemas, portanto, seriam reduzidos, caso as vias fossem inteiramente duplicadas. Atualmente, apenas alguns trechos delas possuem duas faixas de rolagem, que deixam as ultrapassagens mais seguras. A questão é ponto de insatisfação de caminhoneiros que trafegam nelas, sobretudo na BR-163.
O paulista Adão Gonçalves, de 52 anos, que há 10 anos carrega para um frigorífico da Capital, comenta que por ser uma rodovia onde se cobra pedágio, a BR-163 deveria ser duplicada.
“Seria bom a duplicação, pois já que estão cobrando pedágio, é o certo. Com a duplicação será mais difícil acontecer acidentes, principalmente com carros pequenos, com os quais os motoristas não têm noção do tamanho e da velocidade do caminhão. Os condutores vão entrando no meio, eles acham que se abriu para realizar a curva a direita, eles já vão entrando. Então, neste caso falta a duplicação, mesmo. Todas as rodovias pedagiadas são duplicadas, menos aqui”.
Outro caminhoneiro, que preferiu não se identificar, e que está pela segunda vez em Campo Grande, pontua que seria uma boa opção a duplicação para a classe, visto que tem muitos caminhões pesados na mesma pista.
“Tem muito caminhão pesado trafegando pela rodovia. Eu mesmo estava carregado com 2.500 quilos e tem trecho de estrada que não consigo andar porque encontro um bi-trem carregado com 40-50 toneladas na minha frente que não pode passar dos 80 km por hora. Aí fica me segurando, também. Então, seria uma boa opção ter a pista duplicada”.
Acidentes com mortes nas rodovias reduziram em relação ao ano passado
O número de acidentes com mortes registrados na BR-262 nos 12 meses de 2022, se comparado com os primeiros 8 meses deste ano, reduziram em 36,3%. Até agora, a rodovia foi palco de 21 acidentes, contra 33 no ano passado. Os dados são da PRF (Polícia Rodoviária Federal).
No que se refere à BR-163, em 2022, entre janeiro e agosto, foram registrados 30 acidentes fatais na rodovia. Já em 2023, no mesmo período, foram registrados 31 acidentes, o que representa um aumento de 40,6%, segundo a CCR MSVia, que administra a rodovia.
O levantamento da concessionária aponta que, ainda no mesmo período, de 2013 – quando a rodovia ainda não era concedida à iniciativa privada – até 2023, houve redução de 24% no número de acidentes com mortes na BR-163, em Mato Grosso do Sul.
A PRF, por sua vez, registrou 46 acidentes fatais na mesma rodovia em 2022. Agora, de janeiro a agosto de 2023, foram 31, apresentando uma redução de 31,7%.
Na madrugada da última quinta-feira (24), um pedestre morreu atropelado por uma carreta na BR-163, na saída de Campo Grande, no km 484. Informações são de que uma carreta teria atropelado o homem e com o acidente, a vítima teve parte do corpo – da cintura para baixo – dilacerada. O motorista da carreta fugiu sem prestar socorro.
Relicitação da BR-163
Há quatro meses, o Ministério dos Transportes aprovou os estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental para embasar a licitação de um trecho da rodovia BR-163 em Mato Grosso do Sul. O trecho do estudo aprovado, chamado de Rota do Pantanal, vai de Campo Grande a Sonora e tem 379,6 km.
Em março, uma audiência pública foi realizada sobre a Rota do Pantanal, em Campo Grande. A ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) anunciou que haverá quatro praças de pedágio, que ficarão em Jaraguari, São Gabriel do Oeste, Rio Verde de Mato Grosso e Pedro Gomes.
No que se refere a BR-262, a duplicação da rodovia que interliga vários municípios a Campo Grande, foi tema de audiência pública realizada na Câmara de Três Lagoas nessa sexta-feira (25). Já na Capital, a audiência será na próxima quarta (30). As audiências discutem a importância da realização da obra, que deve custar R$ 5 milhões, para o desenvolvimento da rodovia e a segurança dos usuários.
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