Em uma disputa eletrizante na noite deste domingo (27), o competidor Warley Oliveira venceu o Rodeio Internacional no encerramento da 68ª Festa do Peão de Barretos (SP) e entrou para a história como o campeão da edição que marca os 30 anos da prova.
O Rodeio Internacional começou na quinta-feira (17) com 35 atletas, entre eles três americanos e dois mexicanos. Do total, 16 conseguiram se classificar para a semifinal neste domingo. Já a final teve a participação de apenas dez.
Foram quatro rounds desde o início da disputa, sendo que só o texano Andrew Alvidrez e os brasileiros Warley Oliveira, de Aparecida do Taboado (MS), e Yan Victo Santos, de Assis Brasil (AC), chegaram invictos à final e como favoritos ao título.
Finalíssma
Warley Oliveira foi o primeiro a montar entre os três e obteve nota baixa por causa do desempenho do touro Carta Branca. No rodeio, o animal também é pontuado durante a prova e o pulo de Carta Branca não foi considerado satisfatório pelos juízes.
Com isso, Oliveira marcou 69,25 de 100 pontos possíveis. Ele teve o direito de escolher outro boi para tentar melhorar a pontuação, mas, em uma decisão ousada, preferiu ficar com a nota, confiante de que os oponentes cairiam.
O que se viu na sequência foram as quedas de Andrew Alvidrez, derrotado pelo touro Texano, e de Yan Victo Santos, derrubado por Gatilho.
Com a maior pontuação total da competição, 415,5 pontos, a festa foi de Oliveira na arena. Ele faturou R$ 200 mil em prêmios e ainda uma vaga no The American, no Texas, em 2024.
Yan Victo terminou em segundo lugar, com 350,75 pontos, e Alvidrez em terceiro, com 348,75.
História
Em 1993, quando a Festa do Peão recebeu a primeira edição do Rodeio Internacional, peões americanos foram convencidos a viajar até Barretos para a disputa, lembra Wilson Luiz Franco de Britto, um dos idealizadores do torneio ao lado de Mauri Abud, presidente do evento naquele ano. A ideia era elevar o nível da competição.
“Há 30 anos, não tinha celular, não tinha internet. Eu fiquei dez dias enfiado dentro de um hotel lá em Houston, porque os peões, para vir pra cá, eles tinham que ter o visto do Brasil, e nós conseguimos, no Consulado de Houston, que eles facilitassem esse processo. Eu fiquei no quarto do hotel ligando pra cada peão, e cada um deles estava em um rodeio nos Estados Unidos”, diz Brito.
Segundo Britto, os americanos desconheciam totalmente o Brasil, não faziam ideia do rodeio em Barretos e só perguntavam sobre a floresta Amazônica.
“Levei fotos e tudo mais, mas não tinha material em inglês adequado. Tinha que traduzir e mostrar. Mas eles vieram numa boa e falaram: ‘Vamos ver’. Não foi de graça não, nós pagamos. A transferência desse dinheiro também foi dificílima, porque hoje é fácil, mas, na época, foi muito complexo”, afirma.
A caravana dos EUA ao interior de São Paulo reuniu 26 pessoas, entre elas Sam Applebaum, o primeiro presidente da Professional Bull Riders (PBR). Naquele ano, brilhavam nas arenas americanas nomes como Ty Murray, Tuff Hedeman, Jim Sharp, Cody Custer e Troy Dunn.
O vencedor da primeira edição foi Hedeman, que derrotou os compatriotas e outros dez brasileiros inscritos.
Celeiro para o mundo
Ao mesmo tempo em que os peões americanos descobriam o rodeio no Brasil, o nome de Adriano Moraes já despontava lá fora. Foi justamente ele quem abriu o caminho para que mais atletas brasileiros pudessem chegar às arenas gringas.
“Eu participei de alguns rodeios internacionais, inclusive o primeiro foi o Adriano Moraes em 1994, lá em Las Vegas. Que coisa maravilhosa. Eu vi a primeira montaria dele e ele caiu, sabe, lá em Del Rio. E o doutor lá, ele tirou sarro nele, né? Campeão brasileiro, não sei o que, ele caiu. Rapaz, aí em 94 ele foi campeão mundial. Depois foi mais duas vezes, foi tricampeão mundial. Então imagina só que coisa fantástica.”
Ano após ano, mais competidores de elite chegam aos EUA e entram para o hall da fama da modalidade. Entre os nomes da nova geração estão José Vitor Leme, Kaíque Pacheco, Cássio Dias e Rafael Brito.
“Foi um intercâmbio que fez bem para o negócio rodeio aqui no Brasil e também para os Estados Unidos”, afirma.
Republicado de https://g1.globo.com/ms/mato-grosso-do-sul/