Jovem morto em emboscada foi executado por engano por autor de feminicídio em Anastácio.

Julio César (esquerda) executou Willian (direita) por engano. Ele já está preso por ter matado sua ex-esposa (Reprodução/Redes Sociais).

A Polícia Civil concluiu que Willian Ferreira dos Santos, de 28 anos, morto na noite do dia 24 de março de 2023, após ser surpreendido por um atirador em Anastácio, a 135 quilômetros de Campo Grande, foi executado por engano. O autor utilizou a mesma arma que matou a sua esposa para executar Willian.

Willian Ferreira foi surpreendido pelo autor que saiu de trás de arbustos na região do bairro Cristo Rei. Julio César Miranda dos Santos, 40 anos, é apontado como o autor do assassinato. Ele é condenado pela morte da sua ex-esposa, Adriana Pereira, de 36 anos, crime que aconteceu 4 meses depois.

Jornal Midiamax já havia noticiado que a suspeita da Polícia Civil de Anastácio é de que Willian poderia ter sido assassinado por engano, fato confirmado e esclarecido nesta sexta-feira (21), pela autoridade policial do município, onde as investigações apontaram a autoria do crime e a real motivação.

Um crime que exigiu um trabalho minucioso da delegada Tatiana Zyngier e Silva e sua equipe, já que a ausência de inimizades e de envolvimento criminal, além da conduta exemplar de William, fizeram com que a equipe policial considerasse a possibilidade de ele ter sido morto por engano. A vítima foi morta com quatro tiros, perto da meia-noite, enquanto pilotava sua motocicleta, com a esposa na garupa.

Ele e a esposa retornavam de uma confraternização em Aquidauana, na casa de familiares, para a residência do casal no bairro Cristo Rei, em Anastácio. Após levantamentos, a investigação chegou, por meio de uma testemunha, à conclusão de que o autor dos disparos contra William poderia ser o mesmo que matou Adriana em 23 de julho de 2023.

Um ponto crucial nos levantamentos da polícia foi a observação de que, um minuto e meio antes do crime, um casal havia parado a moto nas proximidades do Parque dos Ipês, perto da rotatória onde aconteceu o crime, e a mulher estaria grávida. Os investigadores então fizeram um levantamento minucioso para identificar as gestantes residentes no Cristo Rei, localizando o casal e confirmando que Júlio César tinha uma desavença com o homem que parou a motocicleta antes do local da emboscada.

A investigação ainda traçou todo o trajeto percorrido por William e a esposa até chegar ao local da execução. Por meio de câmeras de segurança nas duas cidades, percebeu-se que houve um intervalo de um minuto e meio entre a parada da motocicleta do homem que seria alvo e a passagem de William com a esposa.

Em razão do depoimento da testemunha apontando para Júlio César, a delegada requisitou perícia balística nas munições encontradas nos corpos de William e Adriana. O laudo pericial confirmou que os projéteis partiram da mesma arma, mas não há alguma ligação entre os crime. A arma, um revólver, calibre 38, havia sido apreendida, pela Polícia Civil de Anastácio, no Inquérito Policial que apurou o feminicídio em que Adriana foi vítima.

Motivação do crime

A motivação que resultou na morte, por engano, de William, está relacionada a um desentendimento entre o feminicida e o verdadeiro alvo, envolvendo um histórico amoroso com a mulher do alvo. Ambos tinham se prometido vingança, culminando na trágica morte de William Ferreira dos Santos.

Júlio César já está preso pelo crime de feminicídio, pelo qual foi condenado a 24 anos em novembro do ano passado durante juri popular na Comarca de Anastácio. Pela morte de William, ele foi indiciado pela Polícia Civil do município por homicídio qualificado por traição e emboscada.

Republicado de https://midiamax.uol.com.br

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