Polícia mira disputa pela ‘rota do tráfico’ em MS que teria iniciado guerra de facções com várias mortes.

Equipes do Garras onde ocorreu o confronto com ‘Da Leste’ (Foto: Sidney Assis, de Coxim).

Trabalho do Garras (Delegacia de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros) para reprimir guerra entre facções em Mato Grosso do Sul resultou na prisão de duas pessoas em Campo Grande, na segunda-feira (29). Essa disputa criminosa já resultou em várias mortes no estado.

Conforme o registro feito pelo Garras, essa possível guerra entre as facções PCC (Primeiro Comando da Capital) e Comando Vermelho teria começado na disputa pelo controle da chamada ‘rota do tráfico’.

Essa ‘rota’ nada mais é do que o trajeto feito para escoamento de drogas do Paraguai para o Brasil, passando por Mato Grosso do Sul. Outro caminho também é feito pela fronteira com a Bolívia, onde há grande produção de cocaína.

Só nos 5 meses deste ano já foram apreendidas 4,5 toneladas de cocaína e mais de 63 toneladas de maconha em Mato Grosso do Sul, segundo dados da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública). A droga teria como destino outros estados e possivelmente até outros países.

Prisão em flagrante

Na segunda-feira (29), policiais do Garras souberam de um carregamento de droga do PCC que estaria chegando em Campo Grande. Com isso, conseguiram prender em flagrante dois homens, de 23 e 24 anos.

Um dos suspeitos confirmou que trouxe de Ponta Porã o carregamento e receberia R$ 10 mil pelo serviço. Seriam transportados 50 quilos de maconha e 7 caixas de cigarro. Porém, quando começou a descarregar percebeu que alguns tabletes era, na verdade, gesso.

Quando os policiais chegaram, um dos suspeitos tentou fugir, mas acabou contido. Os homens foram presos em flagrante com um total de 82 tabletes de maconha e 460 pacotes de cigarro.

Guerra de facções em MS

Desde o início do ano, várias mortes marcam a guerra entre facções criminosas em Mato Grosso do Sul. A troca de facção de José Augusto Pereira da Silva, de 28 anos, conhecido como ‘Da Leste’, morto em confronto com a polícia, teria piorado a situação em Sonora, a 361 quilômetros de Campo Grande.

Já são seis as mortes deste ano ligadas à guerra entre PCC e Comando Vermelho só naquela cidade, que possui cerca de 14,5 mil habitantes.

‘Da Leste’ seria um dos ‘pivôs’ do conflito, pois conforme boletim de ocorrência, ele teria saído de uma facção e integrado a outra. Em meio a esse cenário, ele ameaçava outros faccionados e moradores com arma de fogo.

E ainda, ‘Da Leste’ era responsável por tráfico de drogas no Centro de Sonora e tinha passagens policiais por este crime. Inclusive, uma mulher que revendia entorpecentes foi presa durante uma operação em março. À polícia, ela confessou que havia pego a droga de ‘Da Leste’.

Equipes do Garras estiveram na cidade, já que em 25 de março houve mais uma tentativa de homicídio, na qual um motociclista efetua disparos contra um grupo de homens em uma calçada.

Morte de ‘Da Leste’ em confronto

No fim da manhã do dia 28 de março, policiais do Garras foram até um terreno com vários quartos no fundo, na Rua do Engenho, no Bairro Vila Nova, para averiguar uma denúncia de boca de fumo.

Ao chegar no local e descer das viaturas, a equipe se deparou com ‘Da Leste’ ostentando algo que parecia ser arma de fogo em sua cintura.

Assim que percebeu os policiais, ele fugiu para os fundos do imóvel. Iniciou-se uma perseguição e mesmo os policiais dando ordem de parada ao criminoso, ele não obedeceu. Quando a equipe adentrou a residência, ‘Da Leste’ atirou contra os policiais, que revidaram.

Então, o criminoso continuou fugindo, mas caiu no chão nos fundos do imóvel, sendo socorrido pela equipe ao Hospital Municipal e vindo a óbito logo depois.

A arma de fogo usada por ‘Da Leste’ foi apreendida.

Ao menos 6 mortes em 2024 ligadas à guerra entre facções

A onda de violência na cidade já havia sido noticiada pelo Jornal Midiamax. Assim, em janeiro um empresário morreu por engano após um atirador tentar matar o funcionário dele em briga por facção.

Um dos executores do crime foi preso e confessou que matou por engano. O motivo do assassinato do funcionário seria a guerra entre facções, pois ele seria de facção rival.

Já em fevereiro, policiais atingiram dois supostos integrantes do Comando Vermelho quando estavam em diligências. Nesta ocasião, outro membro da mesma facção foi preso com armas e munições.

Além disso, neste mês de março, atentado em ginásio de esportes deixou mais dois mortos e um ferido, também palco da disputa pelo tráfico na região.

O norte de Mato Grosso do Sul tem importância estratégica para os traficantes, pois serve de entreposto no transporte de drogas da Bolívia e para regiões metropolitanas brasileiras, como São Paulo e Rio de Janeiro.

Republicado de https://midiamax.uol.com.br

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