O DAEX-MPMS (Departamento Especial de Apoio às Atividades de Execução do Ministério Público de Mato Grosso do Sul) deve realizar uma vistoria para verificar o forte odor vindo de uma unidade do frigorífico da JBS, em Campo Grande. O mau cheiro é um problema antigo da região e, recentemente, tem até tirado o sono dos moradores.
Entre as reclamações, há muitos relatos que o fedor tem piorado nos últimos dias na planta frigorífica localizada na Avenida Duque de Caxias. “Não é sempre que fica o cheiro, fica sempre durante o dia, mas ontem ficou muito pior, parecia uma fumaça, névoa muito fedida […] o cheiro já estava forte às 23h e ficou mais evidente às 2h, tinha que trabalhar no dia seguinte”, contou uma moradora ao Midiamax na quinta-feira (15).
De acordo com a promotora Luz Marina Borges Maciel Pinheiro, da 26ª Promotoria de Justiça do Meio Ambiente, Patrimônio Histórico e Cultural, Habitação e Urbanismo de Campo Grande, uma fiscalização teria sido realizada pelo Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul). A vistoria não teria apontado irregularidades e que as condicionantes das licenças eram observadas.
“Como a reclamação existe, solicitamos ao Daex (nosso corpo técnico) realizar uma vistoria voltada para a questão do odor e estamos aguardando isso”, explica. Não há prazo, por enquanto, para uma resposta.
O Midiamax solicitou uma nota para a empresa JBS sobre o assunto e aguarda uma devolutiva. O espaço continua aberto para manifestações.
Mau cheiro acorda moradores
A promotora de vendas Simone Santos, de 35 anos, retornou para o bairro há um ano e meio depois de ter vivido na região entre 2018 e 2020. Toda a experiência no Nova Campo Grande foi acompanhada pelo fedor, mas nos últimos dias a situação piorou, tirando o sono e fazendo com que acordasse nas primeiras horas de quarta-feira (14).
“Às vezes, a gente tá almoçando e é muito fedor. É todo dia, tem dia que está mais forte e tem dia que está mais fraco, fica até chato receber alguém em casa, nem ventilador vence”.
O sentimento de Simone de não poder receber visitas em casa para uma refeição é compartilhado por outros moradores. O mau cheiro virou tema de debates em redes sociais e grupos de conversas. O atendente de mercado, Gilvando Santos Teixeira, de 40 anos, mora no Nova Campo Grande há seis anos, e diz que o fedor piorou muito neste ano e se tornou recorrente diariamente.
“Todo mundo reclama, dá até vergonha de trazer uma visita para jantar e almoçar. Antes tinha horário e com o calor nem tem como fechar a casa que fica toda com mau cheiro”, relata.
Frigorífico já foi multado
O assunto não é novidade no Jornal Midiamax e virou reportagem em dezembro passado sobre uma série de acordos com o MPMS (Ministério de Público de Mato Grosso do Sul) e multa de meio milhão que não acabaram com ‘fedor sem fim’.
A situação foi denunciada diversas vezes aos órgãos fiscalizadores competentes pelo menos desde 2009. No entanto, foi firmado um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) com o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) que não resolveu nada.
De lá para cá, 14 anos depois, o problema continua. Nesse intervalo, o gigante frigorífico não “ajustou conduta alguma” e chegou a pagar uma multa de R$ 500 mil como indenização por danos causados ao meio ambiente.
Nos TACs firmados com o MPMS, vários pontos que devem ser resolvidos pela empresa estão ligados ao sistema de esgoto das instalações do frigorífico, que são as lagoas de tratamentos de efluentes. A indústria frigorífica utiliza muita água em seus processos de abates e, por isso, gera grande carga de resíduos com alta carga orgânica, que emite forte odor.
Nessas lagoas, é feito o tratamento desses dejetos para que a água possa ser devolvida, neste caso, no córrego Imbirussu.
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