Em sete meses, apreensão de cocaína em rodovias federais de MS já supera todo o ano passado.

Em fevereiro deste ano, apreensão em Mato Grosso do Sul bateu recorde histórico da PRF – Arquivo/PRF

Em menos de oito meses, Mato Grosso do Sul já é o ano recorde em apreensão de cocaína nas rodovias federais do Estado. De janeiro a julho de 2023, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) já apreendeu 10.824 kg do entorpecente, 96 kg a mais do que o apreendido em 2022, ano em que foram interceptados 10.728 kg da droga.

O ano passado já havia sido um ano recorde em comparação com os anos anteriores. Em 2021, foram 5.201 kg apreendidos, e em 2020, primeiro ano que se tem registro no Observatório de Dados da Polícia Rodoviária Federal, foram interceptados 5.041 kg do entorpecente.

Se compararmos os anos de 2020 e 2021, podemos notar um certa estabilidade. Entre 2021 e 2022, tivemos o primeiro “boom”, com aumento de 106% na quantidade apreendida.

Ao que tudo indica, em 2023 teremos o segundo “boom” da apreensão de cocaína em Mato Grosso do Sul.

Apreensão Histórica

Neste ano, o Estado teve a maior apreensão de cocaína da história da PRF a nível nacional, realizada em 27 de feverereiro. Foram apreendidas 1,8 tonelada de cocaína em Sidrolândia, município localizado a 63 quilômetros de Campo Grande. A carga foi avaliada em R$ 334 milhões.

Em nota, à época, a PRF divulgou que a droga era transportada em um caminhão tanque VW 24.280, que passou por fiscalização no km 480 da BR-060, em Sidrolândia.

Os responsáveis pela fiscalização eram os policiais do Grupo de Operações com Cães (GOC-MS), que contaram com a ajuda dos cães farejadores da raça pastor alemão, K9 Thor e K9 Amélia, para identificar compartimentos ocultos no veículo. Foram encontrados três compartimentos, cheios de tabletes da droga.

O condutor, um homem, de 44 anos, seguia de Jardim (MS) para Campo Grande (MS), e contou que recebeu R$ 20 mil e o veículo para transportar a carga ilícita. Ainda segundo ele, a droga seria entregue para um desconhecido em um posto de combustível em Campo Grande.

Novo Alvo

Na última quinta-feira (10), a Polícia Rodoviária Federal realizou a sexta grande apreensão de cocaína na BR-158, em Paranaíba, município localizado a grande distância da fronteira, a mais de 700 quilômetros das divisa com a Bolívia e o Paraguai.

Segundo divulgado pela PRF, os agentes federais realizavam fiscalização de rotina na rodovia quando abordaram o caminhão Volvo/FH, conduzido por um homem acompanhado de uma passageira.

Durante a entrevista, os policiais teriam desconfiado de informações passadas pelo motorista, e decidiram realizar uma vistoria na carga de sucata que era transportada. No meio da carga, estavam escondidos os tabletes de cocaína.

O motorista confessou ter recebido o caminhão com a droga em Campo Grande, e que deveria entregá-lo em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais. Pelo transporte, disse que receberia R$ 15.000,00.

O condutor, sua acompanhante, o caminhão e a cocaína foram encaminhados à Polícia Civil em Paranaíba.

Há quinze dias, em 27 de julho, agentes da PRF interceptaram um carregamento de 431 quilos de cocaína nessa mesma rodovia.

Conforme noticiado anteriormente pelo Correio do Estado, os policiais abordaram o caminhão porque apresentava problemas no sistema de iluminação. E, durante a entrevista, o caminhoneiro afirmou que o caminhão estava vazio, mas teria apresentado nervosismo e por isso decidiram fazer uma vistoria mais minuciosa no veículo, encontrando várias malas recheadas com os tabletes de cocaína.

O caminhoneiro, preso em flagrante, informou que receberia R$ 10 mil e que assumiu a direção do veículo em Campo Grande e levaria até Minas Gerais, mas manteve silêncio sobre o local exato onde pegou o caminhão e onde entregaria.

Nos oito meses que já se passaram, foram descobertas 1,85 toneladas do entorpecente nesse mesmo trecho, em Paranaíba.

O município está localizado na divisa com Minas Gerais, a 410 quilômetros de Campo Grande, mas, como todos estes carregamentos provavelmente saíram de países vizinhos, eles percorreram distância muito maior. Entre Ponta Porã (Paraguai) e Paranaíba são 730 quilômetros. De Corumbá (Bolívia) até a divisa com Minas Gerais são 840 quilômetros e pelo menos uma dezena de postos de fiscalização das forças policiais federais e estaduais. 

A primeira importante descoberta do ano na região de Paranaíba aconteceu em 13 de março, quando foram interceptados 217 quilos. No mês seguinte, em 25 de abril, os policiais encontraram 484 quilos de cocaína em meio a um carregamento de carne resfriada. Eles só romperam o lacre da carga, segundo informou a PRF à época, depois de detectarem peso diferente ao que constava na nota fiscal.

No dia 22 de maio, no mesmo local, foram 393 quilos de pasta base de cocaína, que estavam no meio de uma carga de madeira. À época,  o motorista disse que estava vindo de Mato Grosso e levaria a droga até São Paulo. 

Em 18 de junho, outros 180 quilos foram descobertos próximo ao posto da PRF de Paranaíba. Esta descoberta, conforme a PRF, ocorreu porque o caminhoneiro teve problemas em um pneu e os agentes se ofereceram para prestar auxílio. Por causa do nervosismo do condutor, acabaram fazendo uma vistoria e descobriram as drogas. 

Pelas contas da PRF, se os 1.705 quilos de cocaína e pasta base tivessem chegado à Europa, os traficantes teriam faturado em torno de R$ 270 milhões. 

E não é somente cocaína que é interceptada já próximo a Minas Gerais. Neste ano também já ocorreram duas importantes descobertas de maconha na mesma rodovia. No dia 18 de maio foram 2,7 toneladas e dez dias depois, mais 3,4 mil quilos do entorpecente.

Republicado de https://correiodoestado.com.br

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