Obras da megaestrada que ligará Brasil ao Chile cruzando ‘inferno verde’ no Paraguai são incluídas no novo PAC.

Execução da Ponte da Bioceânica chegou a 32% segundo o MOPC — Foto: MOPC/Divulgação

O governo federal deve investir pelo menos R$ 368 milhões para construir o acesso no lado brasileiro a Ponte da Bioceânica, entre Porto Murtinho, em Mato Grosso do Sul, e Carmelo Peralta, no Paraguai, e ainda para a recuperação total da BR-267, no trecho entre o distrito de Alto Caracol e Porto Murtinho.

As obras fazem parte do pacote de investimentos em rodovias da nova versão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), anunciado pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, nesta sexta-feira (10), no Rio de Janeiro.

Os valores das obras são de projeções feitas Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) ao g1, em fevereiro deste ano.

Essas duas obras são fundamentais para viabilizar o trecho brasileiro da Rota Bioceânica, a megaestrada que ligará os portos de Santos (SP), no Brasil, a Iquique e Antofagasta, no Chile. O corredor de 3,4 mil quilômetros vai passar também por Paraguai, onde cruzará a região do Chaco (também conhecida por Pantanal Paraguaio) e Argentina.

A megaestrada, segundo estudos da Empresa de planejamento e logística (EPL) pode encurtar em mais de 9,7 mil quilômetros de rota marítima a distância nas exportações brasileiras para a Ásia. Em uma viagem para a China, por exemplo, pode reduzir em 23% o tempo, cerca de 12 dias a menos. Esse ganho logístico representa incremento de competitividade para os produtos sul-mato-grossenses e brasileiros. Além disso, a rota possibilita o incremento da comercialização entre os quatro países por onde passa: Brasil, Paraguai, Argentina e Chile, além de promover a integração cultural e o turismo.

A Ponte e o acesso

A Ponte da Bioceânica está sendo construída por um consórcio binacional, com investimento de R$ 575,5 milhões da administração paraguaia de Itaipu. A estrutura terá 1.310 metros de comprimento e 20,10 metros de largura. A obra foi iniciada em 2022 e está com 32% da execução concluída, de acordo com o Ministério das Obras Públicas e Comunicações (MOPC), do Paraguai. A previsão é de término no primeiro semestre de 2025.

Para acessar a ponte, pelo lado brasileiro, conforme anunciou o presidente, será construído um acesso, o contorno rodoviário Norte de Porto Murtinho, que terá aproximadamente 13,1 quilômetros e partirá do quilômetro 678 da BR-267 até a ponte.

Segundo o DNIT, a previsão é que a licitação dessa obra seja lançada ainda neste trimestre. O empreendimento estava estimado em fevereiro em R$ 190 milhões e o prazo de execução previsto era de um ano e seis meses.

Carreta tenta desviar de buracos na pista da BR-267, entre Jardim e Porto Murtinho, em imagem feita na semana passada — Foto: Silvio Andrade
Carreta tenta desviar de buracos na pista da BR-267, entre Jardim e Porto Murtinho, em imagem feita na semana passada — Foto: Silvio Andrade

Além desta obra, o presidente anunciou a execução do projeto de restauração com melhoramento da BR-267, no trecho entre os quilômetros 577 e 678, do distrito de Alto Caracol ao Contorno Rodoviário Norte de Porto Murtinho.

Segundo o DNIT, neste trecho da rodovia serão construídas terceiras faixas e acostamento. O orçamento inicial desta obra no início do ano era é de R$ 178 milhões.

Equipes do DNIT já vem trabalhando na recuperação da rodovia, mas devido ao grande fluxo de carretas bitrens que transitam pelo trecho levando principalmente grãos que são escoados pelo porto de Porto Murtinho, o pavimento da estrada, que tem mais de 20 anos, não aguenta, e vários buracos tem surgido no asfalto.

Republicado de https://g1.globo.com/ms/mato-grosso-do-sul/

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