Entre os advogados que estão presos na Operação Arnaque está Luiz Fernando Cardoso Ramos, conhecido justamente por ter milhares de ações contra bancos, tanto que passou a ser investigado ainda em 2021, por praticar a chamada advocacia predatória.
Com mais de 40 mil ações só na Justiça de Mato Grosso do Sul, Ramos é o principal alvo da ofensiva do Gaeco.
Ele, que tem escritório em Iguatemi, em Mato Grosso do Sul e em outras cidades pelo país, foi preso pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do Piauí na cidade de Floriano, distante 240 quilômetros de Teresina.
Luiz Fernando é conhecido pela prática que se tornou alvo da operação: muitas ações são ingressadas contra um mesmo banco ou empresa de grande porte, porém com nomes de consumidores diferentes.
Pessoas, essas, que sequer sabem que possuem ação indenizatória. Quando a sentença favorável ocorre o advogado não a repassa ao suposto prejudicado, ficando com o montante para si.
Por promover este tipo de conduta, o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) já investigava Luiz Fernando que, à época, dizia já ter conseguido mais de R$ 2,5 milhões aos seus clientes.
Somente no TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) eram mais de 40 mil ações do advogado. Iguatemi também está entre as cidades em que houve cumprimento de mandado de busca e apreensão, além de prisão, na manhã desta quinta-feira (5). A reportagem tentou contato Luiz Fernando, mas não obteve resposta.
Arnaque
Além de Mato Grosso do Sul, a operação foi deflagrada em outros sete estados. De acordo com o Gaeco são dois grupos que, juntos, movimentaram mais de R$ 190 milhões. O MPMS aponta que idosos, deficientes e indígenas eram os principais atingidos pelos golpistas.
Os advogados faziam o trabalha de persuadí-los até que obtivessem procurações que usavam como carta branca para judicializar os casos, além de executarem empréstimos.
Ao todo são mais de 70 mil demandas judiciais sob responsabilidade dos grupos criminosos em todo o país. Cerca de 10% dos casos terminavam com procedência; quando não são feitos acordos em massa com instituições financeiras.
“As investigações revelaram que os crimes, apesar de explorarem pessoas em grave situação de pobreza e vulnerabilidade social, permitiram que líderes das organizações criminosas movimentassem cerca de R$ 190 milhões em menos de cinco anos de atividade” diz o MPMS.
Nesta quarta-feira são cumpridos 39 mandados de prisão. Entre os alvos estão sete advogados, dois vereadores e outros dois servidores públicos – os nomes dos suspeitos, ou a cidade em que eles estão, não foram divulgados. Além disso, 51 endereços foram listados para busca.
A OAB-MS (Ordem dos Advogados do Brasil seccional Mato Grosso do Sul) emitiu nota informando que a comissão de defesa e assistência está acompanhando as diligências e adotará as medidas legais e cabíveis quando ao caso.
“Inclusive de natureza disciplinar, respeitando sempre o direito à ampla defesa e contraditório, bem assim as prerrogativas da advocacia”.
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