Preço da soja está 21% menor que há um ano e agricultores de MS “perdem” R$ 9,1 bilhões.

Previsão é de que Mato Grosso do Sul colha 13,3 milhões de toneladas, mas excesso de chuva ameaça prejudicar a colheita – arquivo

Em março do ano passado, o preço médio da saca de soja estava em R$ 193,00. Agora, a cotação é de R$ 152,00, o que representa queda de 21%, conforme levantamento feito pela Aprosoja MS. 

A previsão é de que a safra deste ano em Mato Grosso do Sul chegue a 13,3 milhões de toneladas, o que equivale a 222 milhões de sacas. Então, como a cotação está R$ 41,00 menor que na mesma época do ano passado, isso significa assustadores R$ 9,1 bilhões de reais a menos no bolso dos produtores locais se toda a produção fosse faturada agora. 

Vale lembrar que esta retração no faturamento na comparação com o ano passado foi amortecida, em parte, por conta das vendas antecipadas que, segundo a Aprosoja, chegaram a 31% da produção. Estes agricultores conseguiram, em média, R$ 170,00 pela saca. No ano passado, porém, muito produtor conseguiu vender a produção por até R$ 200,00 a saca. 

Conforme a economista Renata Farias, da Aprosoja, são várias as explicações para a queda na cotação do produto, que é o carro-chefe da economia de Mato Grosso do sul. “Instabilidade política, projeção maior para inflação no Brasil, impasse entre Governo Federal e Banco Central, juros americanos elevados e dólar com tendência a redução”, são algumas das justificativas.

Além disso, ela cita que até mesmo o excesso de chuvas está afetando os preços, já que existe possibilidade de quebra de safra, uma vez que até agora foi colhida somente a metade da área se comparado com o andamento da colheita em anos anteriores. 

E, como a instabilidade climática e econômica no Brasil e no mercado mundial tendem a continuar, a perspectiva de melhora no preço não é das mais animadoras. 

No ano passado, dois terços dos grãos já estavam nos armazéns nesta época do ano. Agora, por causa das constantes chuvas, apenas um terço foi colhido e as previsões indicam que as chuvas vão continuar. 

Mas apesar da redução de 41 reais na comparação com o preço do ano passado, os agricultores ainda estão trabalhando no azul. De acordo com os estudos da Aprosoja, levando em conta os preços atuais, o agricultor desembolsa o equivalente a 46 sacas para cultivar cada hectare.

Mas, como o tempo foi favorável durante o período de crescimento da planta, o produtor está colhendo, em média, 58 sacas por hectare. Ou seja, o superávit está sendo, em média, de pelo menos doze sacas, o que equivale a cerca de R$ 1.800,00 pela cotação atual. 

E, como o Estado plantou 3,84 milhões de hectares, o saldo para a economia estadual ainda é satisfatório, com lucro na casa dos R$ 7 bilhões, o que é menos da metade daquilo que poderia ser se a cotação tivesse se mantido nos patamares do ano passado. 

Porém, esta lucratividade somente será obtida se o tempo melhorar, uma vez que a própria Aprosoja fala em “possibilidade de quebra de safra devido estarmos 31 pontos percentuais atrasados na colheita” na comparação com a safra anterior. 
 

Retirado de https://correiodoestado.com.br

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