A superfície de água aumentou no Pantanal, em 2022, mas a seca no bioma ainda preocupa especialistas. Em 2021, o número de superfície de água no Pantanal estava em -68%. Já na nova mediação feita pelo MapBiomas, no ano passado o percentual recuou cerca de 7%, indo para -61% da área de água no bioma pantaneiro.
“Os dados que a gente teve para o ano de 2022 representam um alívio. Entretanto, não representam uma situação de normalidade. Apesar da maior parte dos biomas brasileiros terem tido uma tendência de aumento na superfície de água em relação a média. Porém, alguns biomas, especificamente o Pantanal, apresentaram a tendência de quantidade de água menor do que a média. Isso é um alerta, um sinal vermelho para tomarmos ações para que a situação no Pantanal não se agrave”, explica a especialista em conservação do WWF-Brasil Helga Wiederhecker.
Conforme Helga, desde 2018 o Pantanal não registrava um aumento na superfície de água. Apesar disso, o bioma ainda passa por um período seco: a diferença da superfície de água com a média da série histórica é de 60,1%.
“Especificamente no Pantanal, desde 2018 tinha uma redução da água consecutiva. Em 2022 foi o primeiro ano que teve um pequeno aumento. Mas, essa quantidade de água continua sendo uma quantidade reduzida, menor que a média para o Pantanal”, alerta Wiederhecker.
A Wiederhecker credita a falta de águas às mudanças climáticas e o vasto desmatamento. Como solução, a pesquisadora vê que a restauração das áreas degradas com inteligência é o melhor caminho.
“A quantidade de água presente em um bioma está ligada intimamente a dois fatores: um, o desmatamento; o outro é a questão das mudanças climáticas. Devemos parar com o agravamento da crise. Precisamos eliminar o desmatamento na região e nas cabeceiras dos rios que abastecem o Pantanal. Além das ações, devemos trabalhar com a inteligência para fazer a restauração dessas áreas degradadas”, acrescenta.
Algumas cidades em Mato Grosso do Sul estão listadas entre as regiões que mais perderam superfície de água, em 2022, o que reforça a importância da tomada de decisões urgentes para que a seca não atinja índices ainda mais alarmantes, defende a especialista.
“O bioma é um sistema, onde a abundância da água é marcante e fundamental para vários aspectos. Desde as questões de fauna e flora, quanto para a qualidade de vida das populações tradicionais, até mesmo para a questão econômica para os estados. Dentre os municípios brasileiros que mais reduziram a superfície de água, cinco deles estão no Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Isso mostra que a situação no Pantanal é um alerta. Devemos considerar estes dados como início para tomadas de ações que evitem que a situação se agrave mais”, comenta Wiederhecker.
O levantamento do MapBiomas leva em consideração dados coletados desde 1985. Coordenador do mapeamento do MapBiomas, Carlos Souza, comenta que de todos os anos da série histórica, os mais secos foram na última década.
“O intervalo entre 2013 e 2021 engloba os 10 anos com menor superfície de água, o que torna essa última década a mais crítica da série histórica. Apesar do sinal de recuperação que 2022 representou, a série histórica aponta para uma tendência predominante de redução da superfície de água no Brasil”, alerta o coordenador do mapeamento do MapBiomas, Carlos Souza.
Retirado de https://primeirapagina.com.br/mato-grosso-do-sul/