Mato Grosso do Sul tem potencial para dobrar a área plantada de soja em 5 anos.

A área semeada com soja cresceu 5,3%, saindo de 4 milhões de hectares no ciclo passado para 4,213 milhões de hectares na safra 2023/2024 – Gerson Oliveira / Correio do Estado.

Com alto potencial para conversão de pastagens em área agricultável, Mato Grosso do Sul pode dobrar a área plantada de soja. Conforme dados do Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio (Siga-MS), a safra 2023/2024 foi finalizada com 4,213 milhões de hectares colhidos, um aumento de 5,3% ante os 4 milhões do ciclo anterior.

O titular da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, disse ao Correio do Estado que MS pode aumentar em 4 milhões de hectares a área plantada.

“Nos últimos oito anos, aumentamos essa área em praticamente 100%. Eram 2 milhões de hectares, e agora está em 4 milhões. Temos uma estimativa interna, um potencial de agregar, em termos de área degradada, de mais 4 milhões de hectares nos próximos cinco anos. A nossa expectativa é de que Mato Grosso do Sul possa ser um estado de 8 milhões de hectares de agricultura”, afirmou.

Considerando a produção dos últimos anos, o total de soja colhido pelo Estado pode aumentar no mesmo ritmo. Mesmo com a quebra na safra por causa das intempéries climáticas, MS colheu 12,347 milhões de toneladas no ciclo 2023/2024, de acordo com os dados do Siga-MS.

Caso dobre o número de hectares plantados, o Estado também deve dobrar a produção, colhendo entre 24 milhões e 30 milhões de toneladas de soja – uma vez que, na safra passada, a produtividade foi recorde, chegando a 15 milhões de toneladas da oleaginosa.

Segundo reportagem publicada pelo Correio do Estado na edição de 27 de junho, levantamento da Serasa Experian indicou que MS é o primeiro estado no ranking nacional com a maior área disponível para a conversão de pastagens degradadas em plantio de soja, com 6,1 milhões de hectares propícios.

No entanto, Verruck destacou que nem toda essa área de 6,1 milhões de hectares está apta para o plantio, em decorrência do solo, mas que a agricultura não avança somente em área degradada.

“A Serasa coloca a possibilidade de a gente ampliar a área de soja em cima de área de pasto degradado, principalmente, ou não. Em algumas áreas não tinha pasto degradado, e mesmo assim avançou [o plantio da] soja”, frisou.

O secretário ainda ressaltou que a agricultura avançava muito nessas áreas de pastagens, principalmente em arrendamento, aquisições e projetos agrícolas, por causa dos altos preços pagos pelos grãos de soja e milho.
Porém, como os preços arrefeceram, houve uma redução no ritmo de ampliação de áreas de lavouras no Estado. “Esse avanço parou um pouco, mas quando a gente olha em termos de política pública, nós vamos continuar com essa agregação”, concluiu Verruck.

PASTAGENS

O levantamento da Serasa Experian mostrou que, dentro de quatro dos biomas brasileiros – Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica e Pampa –, existe um potencial de expansão para o plantio de soja de até 36,6 milhões de hectares apenas sobre pastagens aptas para a soja.

De acordo com o diretor de Novos Negócios Agro da Serasa Experian, Joel Risso, caso as projeções estejam corretas, nos próximos 10 anos haverá um aumento de cerca de 12 milhões de hectares no plantio de soja no Brasil.

“Esse montante representa o consumo de apenas um terço de toda a disponibilidade de pastagens com alta aptidão para o cultivo de soja no Brasil, que é mais de 36 milhões de hectares”, detalhou.

“Essa é uma boa notícia, porque, apesar dessa disponibilidade de pastagens aptas não ser a mesma para todos os estados, para todas as regiões brasileiras, o levantamento indica que existem mais pastagens aptas que o necessário para suprir essa demanda seguindo os protocolos ambientais mais rígidos, como as recentes exigências do mercado comprador Europeu”, esclareceu.

Risso também ponderou que, além da disponibilidade de pastagens aptas, olhar para o grau de degradação das áreas ajuda a definir a necessidade de investimentos para que esse processo de conversão ocorra.

Conforme a Serasa Experian, para garantir a expansão de 12 milhões de hectares, será demandado um investimento de cerca de R$ 60 bilhões, sendo grande parte desse volume proveniente de linhas de crédito.

“O valor médio necessário para converter 1 hectare de pastagem para o plantio de soja é de aproximadamente R$ 5 mil, podendo ser inferior em áreas menos degradadas ou até passar de R$ 6 mil em áreas mais severamente degradadas”, disse Risso.

SOJA

Dados consolidados da última colheita de soja, divulgados em 21 de maio pela Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul (Aprosoja-MS), mostram que a queda na safra foi maior que o estimado, fechando em 12,347 milhões de toneladas – o que representa 600 mil toneladas abaixo daquilo que estava sendo anunciado até a semana anterior.

Isso significa retração de 18% ou 2,7 milhões de toneladas a menos que a colheita do ano anterior, quando os produtores do Estado colheram 15 milhões de toneladas.

A produtividade média foi de apenas 48,8 sacas por hectare, ante as 62,4 da safra anterior, o que representa uma queda de 21,8%. Essa redução é resultado, segundo a Aprosoja-MS, da falta de chuvas e da irregularidade delas em boa parte do Estado desde outubro de 2023.

Transformando as 2,7 milhões de toneladas em sacas, são em torno de 45 milhões de unidades a menos que no ano passado. Já levando em consideração o preço médio da saca no Estado na semana passada (R$ 125), os produtores sul-mato-grossenses deixaram de faturar algo em torno de R$ 5,6 bilhões.

Republicado de https://correiodoestado.com.br

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