Mato Grosso do Sul ocupa o 3º lugar em ranking de Estados brasileiros com maior número de fumantes, sendo 18% em adultos. É o que alega a médica pneumologista e professora universitária Ana Maria Campos Marques (CRM: 2754-MS). Segundo a especialista, o índice é maior em homens, por isso o número de doenças e óbitos relacionados ao tabaco é alto na região.
Conforme dados da SES (Secretaria de Estado de Saúde), Mato Grosso do Sul registrou 141 mortes por doenças do aparelho respiratório. Além disso, dados apontam que as mortes por tumores na cavidade oral e faringe, esôfago, laringe, bem como nas traqueias, brônquios, pulmões e órgãos respiratórios chegaram a marca de 189.
Segundo a pneumologista, o tabagismo é causa de 85% das doenças pulmonares obstrutivas crônicas (DPOC e mais conhecido pela população como enfisema pulmonar) e 90% dos canceres de pulmão, além do agravamento de doenças pulmonares preexistentes. Além disso, ela ressalta que crianças que convivem com fumantes adoecem mais por infecções respiratórias, bem como as crises asmáticas são mais frequentes.
“As doenças crônico degenerativas na maioria são multifatoriais. Então, unir o tabagismo ao sedentarismo e má alimentação irá aumentar o risco dessas doenças”, explica a médica.
Tratamentos disponíveis
Tendo em vista o alto índice de problemas respiratórios ocasionados pelo tabaco, a comunidade médica aconselha o início do tratamento o quanto antes. Para a pneumologista, a principal medida é parar de fumar.
“Não importa a doença e nem a gravidade da doença, para os pacientes com Enfisema/ bronquite/ DPOC o único tratamento comprovadamente que muda o curso da doença é parar de fumar”.
Assim, ela ressalta que se o vício não for deixado de lado, nenhuma outra abordagem fará efeito.
Ressaltam-se também as medidas de prevenção contra o vício. Nessa questão, a médica explica ser importante a aplicabilidade de leis que coíbem o uso de cigarros nos espaços públicos, esclarecimento constante da população e conscientização dos familiares.
“É importante não fumar o primeiro cigarro, o cigarro é uma droga licita que leva a dependência”, pontua.
Cigarros eletrônicos estão liberados?
Segundo Ana Maria, não. Isso porque não existe substituto ao cigarro, portanto, todas as formas de inalar o fumo por combustão são maléficas a saúde humana.
“Os malefícios são os mesmos do cigarro, hoje temos relatos que determinadas doenças se desenvolvem mais cedo nesses usuários. Importante também incluir o Narguile, é lenda que não faz mal. Faz, sim, e mais rápido do que o cigarro pois se inala grande concentração de monóxido de carbono. Numa sessão de Narguile se fuma o equivalente a 100 cigarros”, explica.
Conscientização do tabagismo é trabalho multidisciplinar
Ao observar o cenário encontrado hoje em Mato Grosso do Sul, a médica explica ao Jornal Midiamax que o grande desafio é convencer os fumantes de cessar o tabagismo. Além de causar inúmeras doenças, o tabaco é considerado um fator de risco. Porém, a condição tem tratamento, mas que deve ser abordado de forma multidisciplinar.
“Envolve todos os profissionais e deve ser conteúdo obrigatório dos currículos das graduações em saúde. A sociedade civil também deve estar envolvida e a melhor prevenção é não fumar o primeiro cigarro”, conclui a pneumologista.
Tratamento gratuito no SUS
O SUS (Sistema Único de Saúde) oferece tratamento gratuito para quem quiser parar de fumar. Atualmente, os 26 estados brasileiros, e Distrito Federal, possuem coordenações do Programa de Controle do Tabagismo nas secretarias estaduais de saúde, que descentralizam as ações para os municípios e atuam de forma integrada.
Para iniciar o tratamento, basta solicitar a uma unidade de saúde, que irá redirecionar o procedimento.
Retirado de https://midiamax.uol.com.br/